domingo, 29 de novembro de 2009

A Plenitude dos Tempos



Hoje a História da humanidade se divide em antes e depois de Cristo. Além da Bíblia, a Palavra viva de Deus, outras obras literárias de menor valor nos ajudam a compreender através de extensas pesquisas e estudos de seus autores quem era Cristo, o que Ele fez e como a Sua mensagem se espalhou por todo o mundo em tão pouco tempo transformando inúmeras vidas ao longo dos séculos. Segue abaixo um resumo que fiz do primeiro capítulo do livro Dois Reinos.

O apóstolo Paulo afirma que Cristo veio ao mundo na plenitude dos tempos, ou seja, o tempo quando Deus, em sua presciência e providência, já tinha visto o cumprimento de seu propósito eterno em Cristo. Todas as peças do quebra-cabeça estavam no lugar. O tempo propício que Lhe aprouve intervir na história do homem: “E quando veio a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” (Gálatas 4:4).

Para melhor entendimento da manifestação do Cristo ao mundo faz-se necessário uma análise criteriosa do contexto daquela época, que neste caso, desdobra-se numa dimensão política, religiosa e intelectual.

O Contexto Político

Em 63 a.C. o mundo mediterrâneo estava sob o domínio do império romano. Seu governo foi estabelecido sobre a Palestina ficando a Judéia subordinada a este governo. Roma pretendia ser a coordenadora de todo o mundo habitado. Haja vista que o Império Romano possuía a maior e melhor estrutura política do mundo antigo.

Otaviano (“Augusto”) já havia se tornado imperador e iniciado a Pax Romana, expressão latina para “a paz romana”. Apesar de guerras esporádicas nas fronteiras, foi um longo período de relativa paz gerada pelas armas e pelo autoritarismo experimentado por todo o Império Romano. Assim Roma pôde transmitir elementos próprios da cultura, religião e língua latina às regiões onde se fixavam seus exércitos. Nessa época Jesus nascia em Belém, na Judéia, para onde seus pais tinham viajado por causa de um censo.

Herodes Antipas, mais conhecido como o Grande, rei da Judéia, apesar das notáveis construções realizadas durante seu reinado, dentre estas podemos citar a reforma do Templo dos judeus, a Cesaréia (porto marítimo de águas profundas no Mediterrâneo) e o palácio monumental, Herodes era um rei paranóico, brutal e desconfiado que chegou a matar alguns membros de sua própria família e, atemorizado com a profecia do nascimento do Messias, decretou a matança de todas as crianças pequenas da região.

Apesar de um povo dominado, os judeus gozavam de privilégios especiais junto a Roma. Tinham permissão de observar o Sábado, isenção do serviço militar e o direito de enviar ofertas ao Templo em Jerusalém.

O Contexto Religioso

O contexto religioso vislumbrava-se no judaísmo (língua: hebraica). No primeiro século depois de Cristo existiam diversas seitas judaicas importantes: os samaritanos, saduceus, fariseus, essênios e zelotes.

Os mestiços samaritanos viviam ao norte da Judéia. Eram os mais desprezados e se apegavam à sua própria versão da Torá (os cinco primeiros livros do Antigo Testamento). Prestavam culto no monte Gerizim, onde construíram seu próprio templo após retornarem do exílio e, apesar do templo ter sido destruído em 128 a.C. os samaritanos continuaram a utilizar este monte como o seu local de sacrifício e adoração.

Os saduceus eram a maioria no Sinédrio (concílio ou suprema corte de judeus, composto de 70 homens). Afirmavam serem descendentes da linhagem de reis e sacerdotes, aceitavam somente a autoridade da Torá e não acreditavam em anjos e na ressurreição do corpo. Muitos eram da aristocracia que controlavam o ofício de sumo-sacerdote.

Os fariseus, grupo judeu extremamente rígido, eram minoria no Sinédrio. Muitos deles eram escribas, ou seja, mestres da lei que interpretavam as Escrituras segundo as tradições orais que vinham desde Moisés. Tratavam as leis com zelo excessivo oprimindo e exigindo o mesmo dos judeus. Faziam acordos que contemplavam seus próprios interesses com as autoridades romanas, mesmo que fossem na contramão aos interesses de liberdade do seu povo.

Os essênios eram um grupo de separatistas, a partir do qual alguns membros formaram uma comunidade monástica ascética que se isolou no deserto. Adotaram uma série de condutas morais que os diferenciavam dos demais judeus: aboliam a propriedade privada, eram vegetarianos, contrários ao casamento, tomavam banho antes das refeições e a comida era sujeita a rígidas regras de purificação. Não tinham amos nem escravos. Dentre as comunidades tornou-se conhecida a de Qumran pelos manuscritos em pergaminhos que levam seu nome, também chamados Pergaminhos do Mar Morto ou Manuscritos do Mar Morto.

Os zelotes eram uma seita e partido político judaico. Constituíam a ala radical dos fariseus e preconizavam Deus como o único dirigente, o soberano da nação judaica, opondo-se à dominação romana. O nome "zelote" vem exatamente da palavra "zelo", significando que esses homens tinham excessivo zelo por Deus.

O Contexto Intelectual (pensamento predominante)

Quando Jesus nasceu o pensamento grego estava no seu apogeu. Predominavam a língua e o pensamento gregos e a Filosofia foi a principal contribuição da Grécia.

Seguia-se uma expansão da arte religiosa a serviço dos imperadores divinizados. Os temas referiam-se, sobretudo à imortalidade da alma e à vida depois da morte. Os romanos sofreram grande influência por parte da cultura grega. Seus imperadores obrigavam o povo a adorar os deuses gregos pagãos e aplicavam duras penas a quem se recusasse a fazê-lo.

Enfim...

É neste caldeirão cultural da história que Jesus aparece com o objetivo de direcionar o mundo para o projeto de Deus. Este, pois, é também o conceito cristão da história. A humanidade tem um início na criação e caminha para o fim da história, a saber, a concretização dos planos de Deus.

Aos 33 anos, Jesus é oferecido pelos pecados do mundo na Cruz do Calvário e dias depois à Sua Ressurreição Ele é tomado pelas nuvens e ascende aos céus para sentar-se à direita do Pai. A plenitude do tempo tinha chegado; a obra redentora que converge em Cristo: “na dispensação da plenitude do tempo, todas as cousas, tanto as do céu como as da terra” (Efésios 1:10).

Apenas uma coisa faltava - a saber a revelação do grande plano de Deus aos homens ignorantes, ignorantes não no sentido pejorativo. Eram ignorantes aquelas pessoas que ainda não possuíam uma compreensão ou discernimento corretos da revelação, ou seja, que Jesus Cristo era o Messias prometido desde o Gênesis (Proto-evangelho). 


Então é chegado o dia de Pentecostes, onde o Espírito Santo de Deus desce sobre a comunidade cristã em Jerusalém na forma de línguas de fogo e todos ficam cheios desse Espírito. As prímicias da colheita aconteceram naquele exato momento como o livro de Atos nos relata, pois foram muitos os que se converteram e foram recolhidos para o Reino.

O Messias estabeleceria um reinado que nunca seria destruído. Seu governo soberano encheria toda a terra, transcendendo as fronteiras arbitrárias dos homens e as limitações do tempo.

Nascia a Igreja de Cristo!

sábado, 14 de novembro de 2009

E quem é o meu próximo?

"E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando a Jesus, e dizendo:
_ Mestre, que farei para herdar a vida eterna?

E Jesus lhe perguntou:
_ Que está escrito na lei? Como lês?
E, respondendo ele, disse:

_ Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.
E Jesus lhe disse:
_ Respondeste bem; faze isso, e viverás.
Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, perguntou a Jesus:

_ E quem é o meu próximo?
E, respondendo Jesus, disse:


_ Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão; E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre o seu animal, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele; E, partindo no outro dia, tirou dois denários, e deu-os ao dono da hospedaria, e disse-lhe: _ Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu te pagarei quando voltar.

_Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?

E o doutor da lei disse:
_ O que usou de misericórdia para com ele.
Disse, pois, Jesus:
_ Vai, e faze da mesma maneira."





O amor é a base do relacionamento do ser humano com Deus e com seu próximo. Mas a maioria tem confundido amor com sentimento. O caso de um maltrapilho ferido e caído na rua causa sentimento de compaixão àqueles que o vê. Entretanto, quantos têm a coragem de estender a mão e ajudá-lo?

Jesus mostra claramente a diferença entre o “amor sentimento” do amor verdadeiro quando conta a história do bom samaritano. (Lucas 10:30). O verdadeiro amor é dirigido ao próximo, independentemente se é ente querido, amigo ou estranho.

Esse tipo de amor é paciente, é benigno, não arde em ciúmes, não é arrogante, não se ensorberbece, não se conduz de forma inconveniente, não procura seus próprios interesses, não se exaspera nem se ressente do mal… E envolve muito sacrifício… Por isso, tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta… (1 Coríntios 13)

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O significado da Cruz de Cristo segundo Anselmo de Cantuária



Deus criou a humanidade para que pudéssemos ter vida eterna, mas o pecado infelizmente interveio para impedir que a obtivéssemos sem ajuda. Se é para termos vida eterna, Deus terá de fazer algo a respeito [Ele terá que intervir na História da Humanidade].

Deus não pode fazer de conta que o pecado não existe ou considerá-lo irrelevante. É uma força que tratou de interromper tudo o que ele havia planejado para sua criação. Um remédio que desfaça os efeitos do pecado, ainda que leve seus aspectos morais a sério, deve ser encontrado. Anselmo deu ênfase ao pecado como problema moral. Ele não pode ser simplesmente ignorado, mas deve ser confrontado.

Então, como a ofensa do pecado pode ser removida? Como pode o pecado ser perdoado justamente, de maneira que abranja tanto a ofensa causada a Deus pelo pecado quanto seu generoso amor?

Ao responder essa questão, Anselmo formula uma analogia vinda dos tempos feudais. Na vida comum, uma ofensa contra alguém pode ser perdoada desde que algum tipo de compensação seja oferecida em contrapartida. Anselmo se refere a essa compensação com uma "satisfação". Vejamos, por exemplo, um homem que rouba uma quantia de dinheiro. Para satisfazer as exigências da justiça, ele teria de devolver o dinheiro além de uma quantia adicional pela ofensa do roubo. Essa quantia adicional é a "satisfação".

Anselmo argumenta que o pecado é uma ofensa séria contra Deus, e ela exige uma satisfação. Como Deus é infinito, essa satisfação deve ser também infinita. Mas por sermos finitos, não podemos pagar por ela. Parece impossível, então, que tenhamos vida eterna.

Mas esse não é o fim da questão! Deus deseja que sejamos salvos - e salvos de maneira a preservar tanto a misericórdia quanto a justiça dele. Embora nós, como seres humanos pecadores, devêssemos pagar pela propiciação de nosso pecado, a verdade é que não podemos. Simplesmente não temos os requisitos ou a habilidade para quitar esse débito. Em contrapartida, ainda que Deus não tenha nenhuma obrigação de pagar por isso, ele ainda assim o faria, se quisesse.

Então, Anselmo assevera, fica claro que um Deus-homem seria, ao mesmo tempo, capaz e obrigado a pagá-la. Assim, a morte de Jesus Cristo, como Filho de Deus, é o meio de resolver esse dilema.

Como ser humano, Cristo tem a obrigação de pagá-la; como Deus, ele tem a habilidade de pagá-la. A dívida, então, está paga e nós podemos recuperar a vida eterna. A teoria de Anselmo mostra como a morte de Cristo permite que Deus perdoe nossos pecados sem esquecer sua justiça.

A conexão entre a morte de Cristo e nossa redenção não é inexistente e tampouco arbitrária. Como Anselmo demonstra, há uma relação real e importante entre a cruz e o perdão. Essa relação nos permite ver o sentido da cruz e ampliar a consciência da maravilha que é nossa redenção e do Deus que graciosamente nos redime.

O preço pago por Deus para nos oferecer o perdão foi alto. Seu Filho morreu para que pudéssemos ser perdoados. Essa idéia maravilhosa nos ajuda a perceber quanto Deus nos ama. E deve até nos dar uma idéia de quanto amor devemos retribuir-lhe!

(Trecho retirado do livro Teologia para Amadores de Alister McGrath)


segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Dá-me o pão que me for necessário


"...não me dês nem a pobreza nem a riqueza;
dá-me o pão que me for necessário; para não suceder que,
estando eu farto, te negue e diga: Quem é o SENHOR?
Ou que, empobrecido, venha a furtar
e profane o nome de Deus"
- Provérbios 30.8-9 

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Aesop's Fable One



The Dove and the Crow


A dove, locked up in a cage, was congratulating herself on how many children she had hatched, when a crow came by and said:
_ "My good friend, cease from this unreasonable boasting. The larger the number of your family, the greater your cause of sorrow, in seeing them shut up in this prison-house."


Moral: We must have freedom to enjoy our blessings.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O Distanciamento Moral entre Deus e o homem



Participei de um acampamento da UMP (União de Mocidade Presbiteriana) da Primeira Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte há uns dois anos e o preletor convidado foi o estimado Prof. Augustus Nicodemus Lopes. Estudamos o livro de Malaquias. Recém convertida, até então nunca tinha participado de um estudo bíblico tão bom e proveitoso quanto este.

O professor dividiu o livro em oito partes de forma didática e coerente; estudamos de três a quatro versículos pela manhã e aproximadamente a mesma quantidade a noite durante os quatro dias de acampamento de modo que conseguimos finalizar o livro todo. Foi um tempo abençoado por Deus!

Durante os estudos ele foi nos informando do fundo histórico e cultural de cada passagem. Quem escreveu/falou a passagem e para quem foi endereçada. Sobre o que ela dizia. Ele enfatizavou alguma palavra ou frase que porventura precisasse ser examinada. Também nos mostrou o contexto imediato, assim como o contexto mais amplo exposto no capítulo e no livro. Referenciou versículos relacionados ao assunto da passagem e como esses versículos afetavam nossa compreensão e, finalmente concluia, ao fim de cada estudo, o que podíamos tirar da passagem bíblica em questão, ou seja, o que podíamos aprender com ela e principalmente como aplicá-la às nossas vidas.

Existem passagens no livro de Malaquias onde outros estudiosos da bíblia divergem das conclusões tiradas pelo professor Nicodemos e outros reformados, mesmo assim ele fez questão de nos falar sobre o assunto durante o acampamento, com foi o caso dos primeiros versículos do capítulo 1 de Malaquias, onde fica claro, ao menos para mim, a doutrina da predestinação e o amor de Deus.

Caso você tenha interesse em aplicar "algumas" das ferramentas certas para uma proveitosa leitura bíblica, li um estudo ontem postado no site Monergismo do Prof. Augustus Nicodemos Lopes sobre os Princípios de Interpretação da Bíblia e acredito que seja de grande utilidade.

Neste estudo ele fala que a bíblia como Palavra de Deus deve ser lida como nenhum outro livro. Mas que, tendo sido escrita por homens, ela deve ser interpretada como qualquer outro livro. Isso pode causar indignação e estranhamento em muitas pessoas, mas o professor possui razões sinceras para tal afirmação e as explica detalhadamente no artigo PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA.

A Bíblia, apesar de um livro humano, também é considerada por nós cristãos um livro divino, ou seja, o fato de que a Bíblia foi inspirada por Deus, sendo assim a Sua Palavra, deve ser levado em conta por aqueles que desejam interpretá-la corretamente. A natureza divina da Bíblia, por sua vez, provoca vários tipos de distanciamento segundo alguns estudiosos, e uma das áreas onde ocorre estes distanciamentos é chamada de Distanciamento moral.


O Distanciamento Moral

"Distanciamento moral é a distância que existe entre seres pecadores e egoístas e a pura e santa Palavra que pretendem esclarecer. A corrupção de nossos corações acaba por introduzir na interpretação das Escrituras motivações incompatíveis com o Autor das mesmas. Infelizmente a história da Igreja mostra como diferentes grupos manipulam as Escrituras para defender, provar e dar autoridade a seus pontos de vista.

Certamente existem pessoas sinceras, embora equivocadas. Mas não podemos negar que o distanciamento moral acaba nos levando a torcer o sentido das Escrituras, procurando usá-la para nosso fins nem sempre louváveis. No parágrafo seguinte mencionamos alguns exemplos.

A Bíblia tem sido usada como prova das mais conflitantes teorias e idéias, o que mostra que ler e entender imparcialmente a sua mensagem não é tão fácil e costumeiro assim. A Bíblia foi usada pelos protestantes de países colonizadores para justificar a escravidão, usando textos do Antigo e Novo Testamentos que falam da escravidão sem contudo aboli-la (Ex. 21.2-6). Os seus opositores usaram também a Bíblia para defender as idéias abolicionistas, usando a parábola do bom samaritano e "amarás o teu próximo como a ti mesmo".


A Bíblia também foi usada para provar que os judeus deveriam ser perseguidos, que a guerra santa contra os muçulmanos era a vontade de Deus, que os protestantes brancos são uma raça superior, para executar as bruxas, para impedir o casamento dos padres, para defender a masturbação, para justificar o aborto e a eutanásia, para regular o tamanho das saias e do cabelo das mulheres cristãs, para prover aceitação e fortalecimento dos homossexuais, para proibir ingerência de qualquer tipo de bebida alcoólica, para proibir transfusão de sangue, para proibir o serviço militar, para defender a poligamia nos dias de hoje, para defender o suicídio religioso em massa, etc. O catálogo é imenso.

Tudo isto mostra que não é tão fácil "simplesmente ler a Bíblia e fazer o que ela diz". Nunca desanimemos da possibilidade (muito real!) de entendermos com clareza o ensinamento das Escrituras, mas reconheçamos humildemente que nunca poderemos ter uma compreensão unânime de todas as suas passagens complicadas. Sabendo que a Bíblia vem de Deus, temos ânimo para buscá-lo em oração, suplicando a Sua graça e Sua iluminação em nossa tarefa como intérpretes.

Precisamos ter cuidado, porém, para não cairmos no erro de pensar que somente aqueles que têm treinamento profissional em princípios de interpretação poderão chegar ao conhecimento da mensagem das Escrituras.

Muitos dos princípios de interpretação bíblicos, praticados diariamente por todos os leitores da Bíblia, são simples, lógicos e evidentes, como por exemplo, a interpretação de uma palavra à luz do seu contexto. Isto fazemos diariamente, na leitura do jornal, de notícias pela Internet e lendo um email. Num certo sentido, ler a Bíblia envolve as mesmas regras que ler estas coisas.

A dupla natureza da Bíblia provoca um distanciamento temporal e espiritual que precisa ser transposto, para que possamos chegar à sua mensagem. Pela Sua misericórdia, Deus têm guiado e abençoado a Igreja através dos séculos, mesmo quando ela esqueceu-se de levar em conta estes aspectos. Porém, isto não nos isenta de buscarmos compreender de forma mais exata e completa a revelação que Deus fez de si mesmo. E nisto, o uso consciente de princípios de interpretação compatíveis com a natureza das Escrituras é de inestimável valor." (Prof. Augustus Nicodemos)


domingo, 25 de outubro de 2009

JESUS




 Certa vez, quando assistia ao ofício de sábado na sinagoga de Nazaré, sua cidade, foi dado a Jesus o rolo de Isaías, do qual ele leu: "O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor". (Lucas 4:18,19)

 Durante o sermão que se seguiu, Jesus ousou afirmar que ele mesmo era o cumprimento dessa Escritura. A princípio, a congregação ficou impressionada diante de suas palavras graciosas. Quando, porém, ele prosseguiu sugerindo que seu ministério, como o dos profetas Elias e Eliseu, seria mais aceitável aos gentios do que a Israel, eles ficaram tão furiosos que o expulsaram da cidade e tentaram atirá-lo de um despenhadeiro próximo. Isso foi o prenúncio de sua rejeição posterior e forçou-o a mudar sua residência e sede de operações de Nazaré para Cafarnaum, na costa noroeste do lago.

 A partir de Cafarnaum, durante o restante de seu segundo ano, Jesus fez incontáveis jornadas pela Galiléia. Mateus resume a forma que seu ministério tomou:

 Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo.

 Primeiro ele pregava. Marcos diz que o assunto de sua pregação era “o evangelho de Deus”, resumido nas seguintes palavras:

 "O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no Evangelho". (Marcos 1:14,15)

 Esse reino divino consistia no reinado pessoal de Deus na vida dos seres humanos, e ele (Jesus) tinha vindo inaugurá-lo. Sua chegada ocorria em cumprimento à expectativa do Antigo Testamento, e afim de “receber”, “entrar” ou “herdar” o reino as pessoas deveriam arrepender-se e crer, aceitando humildemente seus privilégios e submetendo-se como criancinhas às suas exigências. 

 Depois ele ensinava. Quer dizer, ele fazia mais do que anunciar o evangelho do reino e convocar as pessoas a adentrá-lo; ele prosseguia ensinando a seus discípulos a lei do reino. Dela não temos melhor ensinamento do que o “Sermão da Montanha”, que consiste talvez de instruções apresentadas durante um período prolongado. Seu tema unificador é o chamado a seus discípulos a ser diferentes tanto dos pagãos quanto dos fariseus.



Eles não devem tentar driblar as demandas da lei com raciocínios falsos, ou praticar sua piedade diante dos homens como os hipócritas, mas perceber que Deus vê em segredo e enxerga o coração. Seus discípulos devem também ser muito diferentes dos gentios, em seu amor, suas orações e sua ambição. Devem amar os inimigos bem como os amigos, renunciar a vãs repetições na oração, substituindo-as por uma aproximação inteligente, porém inocente a seu Pai, e buscar em primeiro lugar, como bem supremo, não suas próprias necessidades materiais, mas a justiça e a integridade de Deus.

 As pessoas ficavam perplexas diante da autoridade de Jesus, porque ele não ensinava nem como os escribas (que invariavelmente citavam outras autoridades), nem como os profetas (que falavam em nome de Iavé), mas com sua própria autoridade e em seu próprio nome, declarando “em verdade, em verdade, vos digo”.

 Ele, além disso, reforçava seu ensino com inesquecíveis parábolas, que ilustravam o amor de Deus pelos pecadores (p. ex., o filho pródigo), a necessidade de humildade na confiança e misericórdia de Deus para a salvação (p. ex., o fariseu e o publicano), o amor que devemos ter até mesmo por aqueles que não podem exigir nada de nós (p. ex., o bom samaritano), o modo como a Palavra de Deus é recebida e o reino cresce (p. ex., o lavrador e a semente de mostarda), a responsabilidade dos discípulos em desenvolver e exercitar seus dons (p. ex., as minas e os talentos) e o julgamento dos que rejeitam o evangelho (p. ex., o trigo e o joio).

 Em terceiro lugar, ele curava. Realizava milagres também, demonstrando poder sobre a natureza ao acalmar uma tempestade no lago, andar sobre a água e multiplicar pães e peixes.



Seus milagres mais comuns eram, no entanto, milagres de cura, realizados por vezes a um toque de sua mão, outras por sua mera palavra de comando. De certa forma, a explicação suficiente para seu ministério curativo é seu amor, pois ele era tocado de compaixão ao testemunhar qualquer forma de sofrimento. Além disso, no entanto, seus milagres eram “sinais” tanto do reino de Deus quanto de sua própria divindade. Eles sinalizavam que o reinado do Messias havia começado, como as Escrituras haviam previsto. (...)

(...) Os milagres eram também sinais de que Jesus era o Filho de Deus, pois cada um deles funcionava como uma parábola, dramatizando alguma de suas alegações divinas. A alimentação de cinco mil proclamava visivelmente sua alegação de ser o pão da vida; a cura do cego de nascença, sua alegação de ser a luz do mundo; os mortos que levantou; sua alegação de ser a ressurreição e a vida.

 Extraído do livro Entenda a Bíblia de John Stott.

Ponto de Partida



A Apologética Pressuposicional alega que o cristianismo forma um sistema completo de pensamento, com autoridade própria, não podendo ser autenticado por evidências externas, por ser necessariamente verdadeiro. Os pressuposicionalistas alegam que a conquista do conhecimento exige um método confiável de análise, que permita deduzir informações necessariamente extraídas de premissas anteriores, o que só seria possível através do raciocínio sobre as declarações divinamente reveladas na Bíblia, e nunca das sensações ou da razão pura.

Desprovidos de um ponto inicial para racionar sobre as coisas, ninguém poderia obter informação segura, pela falta de uma base de inteligibilidade. E não adiantaria possuir um ponto inicial, se ele não possuísse auto-sustentação. Sem um princípio dogmático que nos permitisse interpretar a realidade a partir de um ponto absoluto, poderíamos apenas presumir a validade das coisas, conforme pressupostos injustificados. Para ter certeza da veracidade de uma declaração, precisaríamos negar qualquer possibilidade de sua falsidade, julgando-a por um sistema infalível de prova.

Isso só poderia ser conseguido, conforme o pressuposicionalismo, pela revelação de um Deus Todo-Poderoso e Criador (que deteria todo o conhecimento sobre o Universo, e toda a autoridade para nos obrigar a aceitar Sua interpretação sobre as coisas), fornecendo-nos as premissas confiáveis, pelas quais pudéssemos alcançar a verdade. Com tal alegação, os pressuposicionalistas questionam as premissas intelectuais dos não-cristãos, desafiando-os a apresentarem um sistema de prova pelo qual consigam extrair informações confiáveis, sobre qualquer coisa, e procuram demonstrar que o cristianismo não apenas é intelectualmente superior, mas exclusivamente verdadeiro.

Ao invés de começar a interpretar o mundo segundo premissas naturalísticas, não-cristãs (na verdade, anti-cristãs, por excluírem a noção de que Deus é o determinador da realidade e do conhecimento), para, depois, aceitar o cristianismo num “salto de fé”, o pressuposicionalista já começa aceitando o cristianismo por seu valor inerente, por ser uma revelação suficiente e autoritativa, a única base segura de conhecimento. Ele pressupõe que os fatos só possuem significado porque foram interpretados por Deus, antes de serem criados por Ele. Assim, no pressuposicionalismo, todo fato constitui evidência positiva à existência do Deus cristão, porque só poderia ser conhecido e explicado dentro da visão bíblica, cujas premissas forneceriam os pressupostos para o conhecimento, racionalidade e verdade.

Segundo Cheung em seu livro Reflexões Sobre as Questões Últimas da Vida: “Toda cosmovisão exige um princípio primeiro ou autoridade absoluta. Sendo primeiro ou absoluto, esse princípio não pode ser justificado por qualquer autoridade anterior ou maior; de outra forma não seria o primeiro ou absoluto. O princípio primeiro deve então possuir o conteúdo para justificar a si próprio. Por exemplo, a proposição 'Todo conhecimento provém da experiência sensorial' não é o princípio primeiro sobre o qual uma cosmovisão possa ser construída, pois se todo conhecimento advém da experiência sensorial, também esse princípio deve ser conhecido apenas pela experiência sensorial, mas antes de apresentar o princípio, a confiabilidade da experiência sensorial não estava estabelecida. Desse modo, o princípio resulta em um círculo vicioso, e se destrói. Não importa o que possa ser validamente deduzido desse princípio – se o sistema não pode sequer começar, as derivações do princípio não podem ser aceitas”.

Trechos extraídos do livro de Vincent Cheung, "Reflexões Sobre as Questões Últimas da Vida".

sábado, 24 de outubro de 2009

A VERDADE em letras garrafais




"As imagens mais valem para desviar a infeliz alma, porquanto possuem boca, olhos, ouvidos, pés, do que para assisti-la, uma vez que não falam, não veem, nem ouvem, nem andam."


Que contraditório! Hoje existem milhares de imagens esculpidas de Santo Agostinho nas igrejas católicas e em lares brasileiros. Claro que Agostinho nunca aprovaria tal prática. Estas imagens fazem parte do "panteão" romanista.

"Se os católicos romanos se limitassem a exaltar os heróis da fé (Hebreus 11:1-40), e a propô-los como modelo a ser seguido, não haveria nenhum problema. Assim agem também os cristãos genuínos. Infelizmente, não é isso que acontece. Por mais que o líderes católicos romanos se esforcem em suas infindáveis apologias ou explicações, elas não passam de tentativas vãs e superficiais." Extraído da revista Defesá da Fé - número 26 - http://www.icp.com.br/

Há muitas contradições e desvios nas doutrinas católicas. Até mesmo livros considerados não inspirados pelos evangélicos (os chamados apócrifos), porém adotados pelos católicos romanos, condenam essa prática. Leia todo o capítulo 6 do livro de Baruc (em especial 6:5 e o versículo 6:26, que tem a ver com o vídeo acima). Ali é descrita de forma detalhada uma procissão de "fiéis" que carregam nos próprios ombros imagens entalhadas, estas usando coroas de ouro nas cabeças, cetros, machados ou espadas nas mãos e mantos púrpuras. Esses mesmos "fiéis" acendem luzes para essas divindades empoeiradas. Isso lhe soa familiar?

Você pode e deve perguntar ao seu líder religioso se a prática de adoração aos santos e a Maria está de acordo com a Palavra de Deus. Posso lhe adiantar que ele virá com uma teoria absurda de estrutura piramidal de culto, onde são adotados três tipos de devoção: a dulia, a hiperdulia e a latria, que não é encontrada em nenhuma parte da Bíblia e vai contra tudo o que ela prega. Também vai lhe falar da diferença (que não existe) entre Adoração e Veneração. Mas você pode escolher entre ficar com a palavra de um homem ou com a Palavra de Deus (Hebreus 4:12). Mas vamos ao que realmente interessa. Deixe de comodismo, pegue sua Bíblia e leia os versículos:

Levítico 19:4 / Levítico 26:1 / Salmos 97:7 / Salmos 115 /Isaías 2:8-9 / Isaías 44:15-17 / Ezequiel 14:2-3 / Atos 10: 25;26 / I Coríntios 10:19-21 / Efésios 5:5 / I João 5:21 / Apocalipse 21.8 /Apocalipse 22.15


E então? Depois de lê-los você consegue enxergar a verdade? Ainda não? Então medite um pouco mais nos seguintes versículos:



E neste artigo esclarecedor --> Catolicismo Romano: Uma Análise Bíblica


Que somente Deus, através do Espírito Santo, o convença da Verdade!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Por que "A NEW BEGINNING"?



“E [Jesus] disse:

Um certo homem tinha dois filhos. E o mais moço deles disse ao pai:

_ Pai, dá-me a parte da fazenda que me pertence.

E ele repartiu por eles a fazenda. E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua e ali desperdiçou a sua fazenda, vivendo dissolutamente.

E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades. E foi e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos a apascentar porcos. E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada. E, caindo em si, disse:

_ Quantos trabalhadores de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus trabalhadores.

E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço, e o beijou. E o filho lhe disse:




_ Pai, pequei contra o céu e perante ti e já não sou digno de ser chamado teu filho.

Mas o pai disse aos seus servos:

_ Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão e sandálias nos pés, e trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos e alegremo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado.

E começaram a alegrar-se. E o seu filho mais velho estava no campo; e, quando veio e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças. E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo. E ele lhe disse:

_ Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo.

Mas ele se indignou e não queria entrar. E, saindo o pai, instava com ele. Mas, respondendo ele, disse ao pai:

_ Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos. Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou a tua fazenda com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.

E ele lhe disse:

_ Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas. Mas era justo alegrarmo-nos e regozijarmo-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado

(Lucas 15:11-32)

Você deseja entender melhor o significado? Leia o sermão sobre a Parábola do Filho Pródigo no link abaixo.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Princípio da Insignificância



Fulano de Tal foi pego furtando 5 barras de chocolate em um tradicional armazém da cidade. O caso foi parar no Supremo Tribunal Federal.

Dona Zilda, proprietária do estabelecimento, relatou que Fulano de Tal foi visto várias vezes no mercadinho em atitudes suspeitas, porém nunca conseguiu pegá-lo em flagrante, talvez devido a limitação dos movimentos decorrentes da idade avançada (sua vista também não estava lá essas coisas). Agora não importava mais, já que Feliciano, seu sobrinho, agarrou Fulano de Tal pela gola da camisa numa dessas tentativas de furto e o levou a delegacia acompanhado de outras duas testemunhas.

Zildinha (como era chamada pela vizinhança) e Zezé, seu marido, estavam eufóricos, o casal desejava há tempos que Fulano de Tal dormisse uns dias na cadeia pra ver o que era "bom pra tosse". _Onde já se viu roubar de gente honesta e trabalhadora?! (De gente rica e desonesta será que pode?)

Fulano de Tal foi condenado em primeira instância à pena de um ano e quatro meses de reclusão. Mas a história não acaba aqui, sua advogada recorreu ao STF e conseguiu levar o caso de Fulano de Tal às ultimas instâncias.

No dia "D" o procurador, embora tenha falado bonito, não causou tanto efeito no juri quanto a advogada de defesa de Fulano de Tal. Esta, muito bem vestida, mostrou-se o tempo todo indignada com as acusações do procurador. Ela tinha aprendido no primeiro dia do Curso de Direito que a República Federativa do Brasil, estruturada como Estado Democrático de Direito, tem como princípio fundamental a dignidade humana (parece ter feito o dever de casa).

A moça lembrou o juiz que Fulano de Tal era um ser humano e independente de qual fosse sua crença, raça ou condição social, Fulano de Tal tinha que ser tratado como um fim em si mesmo, merecedor do respeito e consideração de seus semelhantes e principalmente do Estado, devendo estar livre de quaisquer arbitrariedades que restrinjam de modo desnecessário sua liberdade. Então num golpe de mestre, a "doutora" de Fulano de Tal apelou para o "Princípio da Insignificância".


_ Princípio da Insignificância??? Que negócio deve de ser esse, gente? Pensaram ao mesmo tempo Fulano de Tal, Dona Zilda e Seu Zezé (eu também).

Apesar das palavras bonitas da "doutora" quanto a dignidade do homem, Fulano de Tal achou que talvez ele fosse mesmo tão insignificante que não compensasse o juiz e os dois advogados gastarem mais tempo com ele. Já o casal pensou que a advogada de defesa estava era caçoando dos dois. Os "pobres" velhinhos ficaram desanimados que só vendo, afinal o armazém já não dava mais lucro como antigamente e atitudes como as de Fulano de Tal só contribuíam para o fechamento das portas (coitadinhos).



Enquanto isso, Fulano de Tal ouvia deslumbrado sua advogada declamar uns nomes difíceis, próprios do Direito. E foi um tal de "juízo de tipicidade formal" pra cá, outro negócio de "juízo de tipicidade material" pra lá, "mínima ofensividade da conduta", "inexistência de periculosidade social do ato", "reduzido grau de reprovabilidade do comportamento", "inexpressividade da lesão provocada" e por fim ele tomou conhecimento do famoso "postulado da fragmentariedade". _ Quanto nome bonito, sô! Nessa hora Fulano de Tal já se sentia até mais importante....mais gente.

     
Não teve mesmo jeito para a Dona Zilda e Seu Zezé. Os argumentos da advogada foram contundentes e o  réu foi absolvido. Os presentes acolheram os argumentos da Defensoria Pública e extinguiram o processo penal, reconheceram que a acusação estava “destituída de tipicidade penal” e afigurou-se “gritante” a insignificância do furto (você leu certo, é gritante mesmo).





 _ Aonde esse mundo vai parar? _ Não existe mais justiça! Dona Zilda soluçava chorosa. Seu marido tentou consolá-la em vão (pobre Zildinha).

O procurador lhe explicou calmamente que no fundo a moça que defendeu Fulano de Tal tinha razão em seus argumentos, pois o Direito só deve atuar quando necessário para proteger aqueles bens considerados relevantes para o indivíduo e, portanto, para a sociedade: os chamados bens jurídicos.

Ele também tentou explicar aquela senhora que o ordenamento jurídico não deve se ocupar de todas as coisas e atos, o que, além de impraticável, resultaria em um regime de viés totalitarista, restringindo de forma brutal a liberdade e, por conseguinte, a dignidade humana (será que na prática é assim?).
 
  Dona Zilda não entendeu nadinha, ou melhor, talvez ela tenha entendido alguma coisa. Zildinha entendeu que suas mercadorias vendidas no armazém não eram relevantes para o Estado, talvez fossem relevantes para ela, Seu Zezé e principalmente para Fulano de Tal, mas não para o Estado.



Cabe aqui uma observação sobre os pensamentos de Fulano de Tal, afinal Fulano de Tal era gente sim e toda gente sonha (talvez alguns não sonhem tanto). Teve uma hora que Fulano de Tal sonhou profundo...sonhou em ser advogado. Sonhou em tirar seu avô da cadeia. Sonhou principalmente quando sua heroína lembrou o juiz do tal Postulado da Fragmentariedade:

"Meritíssimo, como eu havia dito, a fragmentariedade, deve ser uma característica de todo nosso ordenamento jurídico e deve ser levada em conta aqui neste tribunal. O senhor sabe tanto quanto eu e meu colega procurador que o Postulado da Fragmentariedade aparece de forma marcante no Direito Penal, considerado o ramo do Direito que se difere dos demais pela rigidez de sua principal sanção: a pena privativa de liberdade. A prisão é, como bem sabido, a forma mais drástica de sanção existente em nosso ordenamento jurídico, e, especialmente em nosso precário sistema prisional, um caminho quase inevitável para a completa degradação, física e moral, do ser humano." (Fulano de Tal entendeu bem essas últimas palavras).

Final da história: Dona Zilda só pensava no quê os vizinhos iriam falar ao descobrir que ela não tinha conseguido prender o delinquente de 19 anos de idade. Seu Zezé queria chegar rápido em casa pra assistir o segundo tempo do clássico Cruzeiro x Atlético na TV. Quanto a Fulano de Tal. Ahh...Fulano de Tal foi embora com a barriga roncando...meio zangado, mas daí lembrou que tava tendo  um churrasquinho 0800 na casa de Ciclano amigo de Beltrana, então se alegrou rapidinho.

Nota de rodapé 1: Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência.

Nota de rodapé 2: De Direito a autora deste post não entende absolutamente nada, talvez de moda, afinal as meninas do curso de Direito da PUC eram de longe as mais bem vestidas, quanto nós da Engenharia éramos adeptos da camisa xadrez :P

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Hydropower Plant


Devido a escassez de material sobre Usinas Hidrelétricas, e que explique corretamente e de forma didática seu funcionamento, resolvi coletar algumas informações e então postar no blog. Infelizmente ficou muito aquém do desejado, entretanto não devo postar mais material a respeito, pois correria o risco da leitura ficar maçante e complexa. Espero que as informações abaixo sejam úteis para eventuais pesquisas escolares e quem sabe para os futuros candidatos as engenharias civil, elétrica ou mecânica.

Comecemos pela Física. Nas atividades do dia-a-dia, são utilizadas energias de diversas modalidades: mecânica, térmica, química e elétrica. Essas formas de energia “transformam-se” entre si obedecendo às leis da Física – "Princípio da Conservação de Energia", em outras palavras, o Princípio da Conservação de Energia é a quantidade de movimento antes de acontecer determinado fenômeno que fica igual à quantidade de movimento depois de ele ter ocorrido. 


No Brasil, devido à enorme quantidade de rios, a maior parte da energia elétrica disponível é proveniente de grandes usinas hidrelétricas. A energia primária de uma hidrelétrica é a energia potencial gravitacional da água contida numa represa elevada. Essa energia potencial da água, armazenada em uma represa, se transforma em outra forma de energia durante sua queda pela tubulação.


Antes de se tornar energia elétrica, a energia primária deve ser convertida em energia cinética de rotação. O dispositivo que realiza essa transformação é a turbina. Ela consiste basicamente em uma roda dotada de pás, que é posta em rápida rotação ao receber a massa de água. O último elemento dessa cadeia de transformações é o gerador, que converte o movimento rotatório da turbina em energia elétrica através dos seus complexos circuitos eletromagnéticos.


O princípio básico que se desenvolve num gerador elétrico é o seguinte: uma bobina de fio girando, submetida a um campo magnético e com um núcleo de ferro no seu interior ou vice-versa, fará induzir na bobina e aparecer nas suas extremidades uma carga de elétrons, ou seja, a eletricidade.

Um rio não é percorrido pela mesma quantidade de água durante o ano inteiro. Em uma estação chuvosa, é claro, a quantidade de água aumenta. Para aproveitar ao máximo as possibilidades de fornecimento de energia de um rio, deve-se regular a sua vazão, a fim de que a usina possa funcionar continuamente com toda a potência instalada.

A vazão de água é regulada através da construção de lagos artificiais. Uma represa, construída de material muito resistente como pedra, terra, freqüentemente cimento armado, fecha o vale pelo qual corre o rio. As águas param e formam o lago artificial. Dele pode-se tirar água quando o rio está baixo ou mesmo seco, obtendo-se assim uma vazão constante.

A construção de represas quase sempre constitui uma grande empreitada da engenharia civil. Os paredões, de tamanho gigante, devem resistir às extraordinárias forças exercidas pelas águas que ela deve conter. Às vezes, têm que suportar ainda a pressão das paredes rochosas da montanha em que se apóiam.



Para diminuir o efeito das dilatações e contrações devidas às mudanças de temperatura, a construção é feita em diversos blocos, separados por juntas de dilatação. Quando a represa está concluída, em sua massa são colocados termômetros capazes de transmitir a medida da temperatura à distância; eles registram as diferenças de temperatura que se possam verificar entre um ponto e outro do paredão e indicam se há perigo de ocorrerem tensões que provoquem fendas.


Uma usina hidrelétrica pode ser definida como um conjunto de obras e equipamentos cuja finalidade é a geração de energia elétrica. O potencial hidráulico é proporcionado pela vazão hidráulica e pela concentração dos desníveis existentes ao longo do curso de um rio. Isto pode se dar de diversas formas:

- de forma natural, quando o desnível está concentrado numa cachoeira
- através de uma barragem, quando pequenos desníveis são concentrados na altura da barragem
- através de desvio do rio de seu leito natural, concentrando-se os pequenos desníveis nesse desvio.

Basicamente, uma usina hidrelétrica compõe-se das seguintes partes:


- Barragem
- Vertedouro
- Desvio do Rio
- Sistemas de captação e adução de água (Circuito adutor)
- Sistema de restituição de água ao leito natural do rio
- Casa de Força
- Subestação
- Linha de Transmissão



1 - Vistas aéreas da região com alto potencial hidrelétrico ainda inexplorado

2 - Local onde ocorreu o desvio do rio


3 - Através do conduto forçado a água é levada a Casa de Força  


4 - Ao sair da Casa de Força a água retorna ao seu leito natural

A água captada no lago formado pela barragem é conduzida até a casa de força através de canais, túneis e/ou condutos metálicos. Após passar pela turbina hidráulica, que fica na casa de força, a água é restituída ao leito natural do rio, através do canal de fuga. Dessa forma, a potência hidráulica é transformada em potência mecânica quando a água passa pela turbina, fazendo com que esta gire, e, no gerador - que também gira acoplado mecanicamente à turbina - a potência mecânica é transformada em potência elétrica. A eletricidade produzida nas usinas é transmitida pelos fios até as grandes cidades. É essa mesma eletricidade que acende os postes de luz e “passeia escondida” pelos fios nas ruas.

A Barragem concentra o desnível de um rio a fim de produzir uma queda d'água, dessa forma um grande reservatório é criado capaz de regularizar a vazão desse rio durante todo o ano. Com o levantamento do nível d’água possibilita-se a entrada dessa água num canal, num túnel ou em um conduto que levará essa água em alta velocidade até a turbina localizada na Casa de Força.


Estruturas principais das Barragens:

- Barragem propriamente dita
- Vertedouros
- Descarregadores de Fundo
- Tomadas d’água
- Galerias de Desvio (Adufas)



O Vertedouro tem como finalidade descarregar “cheias” e controlar níveis operacionais das barragens evitando transbordamentos da represa.


A Tomada d’água tem como finalidade captar e controlar a água que é aduzida às turbinas e impedir a entrada de corpos flutuantes nas turbinas.



Os principais Equipamentos Hidromecânicos de uma usina hidrelétrica são as Comportas, as Máquinas Limpa-grade, as Válvulas Dispersoras e as Válvulas Borboletas.



O Circuito Adutor tem como finalidade conduzir a água da Barragem até a Casa de Força.


A função das Chaminés de Equilíbrio é restringir o Golpe de Aríete (quando do fechamento e abertura dos órgãos controladores) no trecho de conduto ou túnel entre a chaminé e a Casa de Força, e suprir volume de água necessário durante a partida das turbinas (tomada de carga).


O Golpe de Aríete ocorre quando há uma brusca interrupção do movimento da água e a sua subsequente elevação. Suas consequências podem ser desastrosas. Veja a figura abaixo.


É na CASA DE FORÇA onde estão alojados as máquinas e equipamentos de geração da Usina Hidrelétrica. Sua construção é feita de tal forma que permite a montagem desses equipamentos de forma segura como também sua eventual desmontagem. Ela deve permitir a operação e manutenção com segurança e eficiência. É na Casa de Força onde ocorrem as principais conversões da energia hidráulica da água em energia mecânica e elétrica.



Maquete da Casa de Força


Os equipamentos principais locados na Casa de Força são:

- Geradores
- Turbinas Hidráulicas
- Reguladores de Tensão e Velocidade
- Painéis de Comando e Controle
- Válvulas (Borboleta, Esféricas, Gaveta) de controle na entrada das turbinas
- Pontes Rolantes ou Pórticos Rolantes, Monovias e Talhas Elétricas ou Manuais








Sistemas Auxiliares Mecânicos:
-Sistema de Ar Comprimido de Serviço e de alta pressão dos reguladores de velocidade
-Sistemas de Proteção contra incêndio
-Sistemas de Drenagem e tratamento de óleo lubrificante e isolante
-Sistemas de Ar condicionado
-Sistemas de Ventilação
-Sistemas de Tratamento de Esgotos
-Sistemas de Tratamento de Água Potável
-Pórtico Rolante ou Monovia com Talha de Jusante etc



Sistemas Auxiliares Elétricos:

- Sistema de Telecomunicação
- Sistema de Iluminação
- Sistema de Aterramento
- Transformadores Auxiliares de CA e CC
- Sistemas de Óleo dos Mancais e Reguladores de Velocidade
- Geradores Diesel de Emergência 
- Conversores e Banco de Baterias
- Painéis elétricos de comando e controle etc


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A Energia Elétrica

A energia que pode ser fornecida por unidade de tempo chama-se potência, e é medida em watt (W). Como as potências fornecidas pelas usinas hidrelétricas são muito grandes, sempre expressas em milhares de watts, utiliza-se para sua medida um múltiplo dessa unidade, o quilowatt (kW), que equivale a 1.000 W.Após ser transportada, a energia elétrica precisa ser reduzida na subestação abaixadora através de transformadores. Em seguida, ela percorre as linhas de distribuição que podem ser subterrâneas ou, como é mais comum, aéreas.

A potência de uma fonte de energia elétrica pode ser calculada multiplicando-se a tensão em volts que ela é capaz de fornecer pela corrente em ampères que distribui. Dessa maneira, uma fonte capaz de distribuir 1.000 A com uma tensão de 10.000 V possui uma potência de 10 milhões de watts, ou 10.000 kW ou ainda 10 MW – 10 mega watts. Uma linha de transmissão, portanto, é capaz de transportar a mesma potência de duas maneiras: com voltagem elevada e corrente de baixa intensidade, ou com voltagem baixa e alta corrente.

Quando a energia elétrica atravessa um condutor, transforma-se parcialmente em calor. Essa perda é tanto maior quanto mais elevada for a intensidade da corrente transportada e maior for a resistência do fio condutor. Assim, seria conveniente efetuar a transmissão da energia elétrica por meio de fios muito grossos, que apresentam menos resistência. Porém, não se pode aumentar excessivamente o diâmetro do condutor, pois isso traria graves problemas de construção e transporte, além de encarecer muito a instalação. Assim, prefere-se usar altos valores de tensão, que vão de 150.000 até 400.000 V.

A energia elétrica produzida nas centrais não é dotada de tensão tão alta. Nos geradores, originalmente, essa energia tem uma tensão de cerca de 10.000 V. Valores mais altos são inadequados, porque os geradores deveriam ser construídos com dimensões enormes. Além disso, os geradores possuem partes em movimento e não é possível aumentar arbitrariamente suas dimensões.

A energia elétrica é, pois, produzida a uma tensão relativamente baixa, que em seguida é elevada, para fins de transporte. Ao chegar às vizinhanças dos locais de utilização, a tensão é rebaixada. Essas elevações e abaixamentos são feitos por meio de transformadores.



Finalmente, a energia elétrica é transformada novamente para os padrões de consumo local, isto é, em 110 ou 220V, e chega às residências e outros estabelecimentos. A eletricidade percorre longas distâncias para chegar até nós.

Durante esse percurso, perde-se certa quantidade de energia. Para diminuir as perdas, a tensão é elevada em subestações próximas à barragem.

A tensão elétrica chega a dez vezes mais do que quando foi gerada. Entre 138.000 e 88.000 volts. Para ser distribuída pelos fios da cidade, a eletricidade tem sua tensão reduzida em subestações abaixadoras. A tensão de distribuição é de 13.800 volts Em alguns postes, vemos também transformadores cuja função é diminuir ainda mais a tensão, de modo que a energia possa ser usada nas casas, chegando à tensão de 127/230 volts. A partir deste ponto, a energia elétrica está pronta para ser entregue as residências, pequenas indústrias e lojas, levando conforto, segurança e qualidade de vida.




Finally,

Tomada 110/220V



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A VERDADEIRA LUZ DO MUNDO


Falando novamente ao povo, Jesus disse: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida” (João 8:12)

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