quarta-feira, 26 de maio de 2010

O Difícil Auto-Exame

αγαπας

Continuo a leitura do livro mencionado no meu último post e agora me encontro no capítulo III que relata o maior dos frutos do espírito - o amor ÁGAPE. Nele o autor tenta determinar o melhor significado para esta palavra e encontra na Palavra este significado. Na passagem básica em Mt 5.43-48, o próprio Jesus insiste em que o amor humano deve seguir o padrão do amor de Deus. E qual é a grande característica do amor de Deus? Deus faz vir chuvas sobre justos e injustos, e faz nascer o sol sobre maus e bons. Logo, o significado de ágape é a benevolência invencível, a boa vontade que nunca é derrotada. Ágape é o espírito no coração que nunca procurará outra coisa senão o sumo bem do seu próximo. Não se importa com o tratamento que recebe do seu próximo, nem com a natureza dele; não se importa com a atitude do próximo para com ele, nunca procurará outra coisa a não ser o sumo bem do próximo, o melhor para ele.

O amor cristão é o reflexo do amor de Deus, e dele obtém seu padrão e poder. Este amor é totalmente imerecido, porque a prova dele é que, enquanto éramos pecadores, Cristo morreu por nós (Rm 5.8). O processo inteiro da salvação tem seu início no amor de Deus, não merecido por nós. Além disso, o amor de Deus é um amor que produz e transforma. É aquele amor que, derramado no coração dos homens, produz as grandes qualidades da vida e do caráter cristãos (Rm 5.3-5).

Num dos trechos do livro o autor menciona Efésios 3.19 onde está escrito que "o amor excede todo entendimento", ou seja, o amor é sempre um mistério. Qualquer pessoa que é amada fica atônita, perguntando a si mesma por que aquilo acontece. O amor de Cristo não é algo a ser explicado; é algo diante do qual o homem somente pode maravilhar-se, prestar culto e adorar. O amor de Jesus Cristo é o padrão da vida cristã, ou seja, o cristão deve andar conforme Cristo o amou (Ef 5.2). O cristão não é perseguido pelo medo a fim de ser bom; é elevado até a bondade mediante a obrigação do amor que desperta a generosidade que está adormecida na alma.

Paulo escreve aos coríntios "Todos os vossos atos sejam feitos com amor" (1Co 16.14). O Sermão do Monte nos deixa sem dúvidas quanto à importância dos motivos do coração na vida cristã (Mt 5.21-48). Há um tipo de generosidade cujo motivo principal é obter prestígio. Há um tipo de advertência e repreensão que brota do deleite em ferir as pessoas e em vê-las afastando-se. Há até mesmo um tipo de labuta e serviço que provém do orgulho. O autor também nos adverte ao lembrar que um dos deveres mais negligenciados da vida cristã é o auto-exame, e talvez isto seja negligenciado por ser um exercício muito humilhante. Se nos examinarmos, é bem possível que descubramos que não há quase nada neste mundo que façamos com motivos puros e sem mistura. Ainda que seja assim, devemos continuar a colocar diante de nós o padrão pelo qual devemos viver, a insistência de que o único motivo cristão é o amor.

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Um pouco de grego antigo:

"Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeirinhos. Tornou a perguntar-lhe: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Pastoreia as minhas ovelhas. Perguntou-lhe terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Entristeceu-se Pedro por lhe ter perguntado pela terceira vez: Amas-me? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas; tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas". João 21: 15-17

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σιμων ιωνα αγαπας με πλειον τουτων;
Simão de João amas me mais do que estes?

δευτερον λεγει αυτω ναι κυριε συ οιδας οτι φιλω σε
segunda vez diz a ele sim Senhor tu sabes que gosto de ti

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